Não à especulação imobiliária

A especulação imobiliária foi uma das principais causas do endividamento das famílias, tendo provocado um aumento desmesurado dos preços da habitação.

Mas não foi esta a única consequência da especulação. Para conseguir dar resposta aos pedidos de financiamento dos particulares, principalmente na compra de casa própria, os bancos recorreram ao crédito internacional de forma pouco prudente.

Por seu lado, as Câmaras Municipais visando aumentar as suas receitas em impostos, tudo fizeram para facilitar o alargamento das zonas com capacidade construtiva, sem olhar aos custos da urbanização nas periferias e sem olhar às necessidades de estruturas de apoio, como transportes, escolas, centros de saúde e outros, que a construção em periferias sempreacarreta.

É claro que o boom da construção criou emprego e desenvolveu as industrias ligadas à construção, mas questiona-se a que preço.

Com a crise que já se fazia sentir antes de 2008 e o corolário de acontecimentos como crescimento do desemprego e do subemprego, acabou por suceder o que já ocorrera nos Estados Unidos, as pessoas deixaram de ter possibilidades de pagar as hipotecas aos bancos e foi então que se desencadeou asua entrega aos bancos credores.

Os banqueiros habituados a lucros muito elevados viram as suas contas em maus lençóis e como tinham participado de forma leviana, naquilo que se chamou economia de casino, começaram a pensar em sacar dinheiro ao Estado para equilibrar as perdas.

Os bancos no fundo não passam de empresas que recebem depósitos e emprestam dinheiro a juros, mas foi por eles mesmos criado o mito de que são o esteio da economia.

Com a proliferação da ideologia neoliberal, os Estados preocuparam-se em criar condições à banca, endividando o eráriopúblico para apoiar os bancos. E foi isto que aconteceu em Portugal. É sabido que uma parte substancial da dita “ajuda” da troika se destinou a apoiar a banca nas suas aventuras, mas a divida resultante e os respectivos juros serão pagos por todos nós. Este empréstimo usurário irá ser um novo benefício para os bancos, que recebem dinheiro do Banco Central Europeu a juro muito baixoe o emprestam ao Estado a juro elevado.

É por isso que o Bloco de Esquerda sempre combateu a especulação imobiliária e apresentou propostas para a impedir e para regularizar o mercado de arrendamento como alternativa à compra de habitação.

Em Matosinhos há, só na zona vulgarmente chamada de Matosinhos Sul, mais de 460 habitações desocupadas por falta de compradores.

Não é aceitável a continuação do investimento em construções sem viabilidade, pois, mais cedo ou mais tarde quem vai pagar o prejuízo é o povo português.