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Em defesa da escola pública e de qualidade

mupi do BE em Matosinhos
Mupi do BE em Matosinhos "Escolas públicas, Sim!"

A democratização do acesso ao ensino é uma das bandeiras de que o regime saído do 25 de Abril se pode orgulhar.

Todos sabemos que os filhos dos trabalhadores, com raríssimas excepções, não tinham acesso ao ensino superior e que mesmo os estudos secundários apenas eram acessíveis a poucos.

A introdução da escolaridade obrigatória para todos provocou um alargamento exponencial do universo escolar tendo acarretado alguns problemas, quer em termos da preparação do pessoal docente, quer em termos de instalações ou mesmo da qualidade dessa formação Mas isso não pode obscurecer o gigantesco passo que foi o alargamento do ensino obrigatório.

Nos últimos tempos têm surgido tentativas de menosprezar o ensino público, em comparação com o ensino privado, para onde se dirigem os filhos das famílias com mais possibilidades económicas. Estas escolas possuem boas instalações, turmas mais reduzidas e podem permitir-se seleccionar os alunos.

Com o eclodir das dificuldades económicas no país, as escolas privadas passaram a ter alguns problemas e o negócio tornou-se cada vez menos rentável. É então que surgem as preclaras ideias defendendo a necessidade de os pais poderem escolher entre o sistema de ensino público e o privado, sendo o estado a pagar igualmente este último.

Está a Instalar-se um completo clima de negociata, com o estado a financiar escolas privadas em zonas já  servidas por escolas públicas, ao mesmo tempo que se dá o aparecimento de grandes grupos económicos explorando o ensino.

A campanha injusta e incorrecta desencadeada contra os professores serviu de base e justificou alterações graves na escola pública que levou à constituição de turmas cada vez maiores e ao fim do apoio regular aos alunos com dificuldades de aprendizagem.

O desinvestimento nas escolas públicas e nos professores foi uma das manobras utilizadas para promover o ensino privado.

Para dar um ar mais aberto às pretensões elitistas dos ministérios da educação começou a falar-se no cheque-ensino, isto é o estado deixaria ao livre arbítrio dos encarregados de educação a escolha da escola e pagaria o custo da mesma.

Pretendia-se uma separação clara entre os alunos destinados a constituir a classe dirigente e os outros destinados a serem apenas trabalhadores.

As escolas públicas têm todo o direito a ter boas instalações, sem necessitarem de luxos desnecessários e é por isso não se entende a razão da existência de escolas que começaram a ser recuperadas e cujas obras estão paradas há anos, provocando desajustamentos pedagógicos sérios.

É contra este estado de coisas que os democratas devem exigir uma escola pública, integradora, de qualidade, contra tentativas de elitização do ensino.

O Bloco de Esquerda defende uma escola de qualidade para todos no entanto, os que optarem por um ensino privado devem assumir os custos da sua opção.

A sociedade não pode esquecer que os gastos na educação são um investimento no futuro do país.